As baleias
com dentes (nome popular pelo qual são conhecidos os Odontoceti)
desenvolveram a útil habilidade da ecolocalização na água, o que as
torna capazes de identificar suas presas e mapear todo o ambiente ao seu redor
através do reflexo das ondas sonoras de alta frequência emitidas pelos próprios
animais ecolocalizadores. Uma nova e extinta espécie de cetáceo, descoberto a
partir de fósseis datando de 28 milhões de anos atrás, pode revelar pistas a
respeito da origem marinha desse biossonar presente nas orcas e golfinhos
modernos.
O
achado fóssil, composto por crânio e mandíbula quase completos, três vértebras
do pescoço e fragmentos de sete costelas, estava na coleção de Mace Brown — que
emprestou seu nome à nova espécie Cotylocara macei. Brown é curador do
Museu Mace Brown de História Natural da College of Charleston, na
Carolina do Sul, estado americano onde o fóssil foi originalmente descoberto.
Em visita à coleção privada de Brown, o paleontólogo Jonathan Geisler,
do New York Institute of Technology College of Osteopathic Medicine, viu
o crânio e soube de imediato que “era especial”.
O segredo está na cabeça
De
todas as peças deste espécie encontrada, o crânio atrai mais atenção. Como os
registros fósseis não incluem amostras do tecido de que são feitos os órgãos
especiais envolvidos na ecolocalização dos cetáceos com dentes, cabe aos
pesquisadores analisar a presença de características muito específicas a este
tipo de capacidade biológica nos ossos. A equipe de Geisler afirma, em
dissertação publicada na revista Nature, que o focinho voltado para
baixo e uma leve assimetria no crânio sugerem que a C. macei seja uma
das primeiras baleias a terem empregado a ecolocalização.
A
hipótese de Geisler se baseia, principalmente, na existência de cavidades na base
do focinho e no topo do crânio que provavelmente continham seios de ar,
espaços preenchidos de ar localizados dentro dos ossos. Suspeita-se que esses
espaços tenham “papeis importantes na produção de vocalizações de alta
frequência que os Odontoceti vivos usam para a ecolocalização”, diz Geisler,
possivelmente atuando no direcionamento das ondas sonoras refletidas ou no
armazenamento do ar que poderia ser utilizado na geração de sons contínuos. Os
humanos também possuem seios de ar, ou seios paranasais, em algumas regiões do
crânio conectadas à cavidade nasal, mas a função deles ainda não está clara,
podendo estar relacionada à regulação da temperatura e pressão do ar inalado, à
redução do peso dos ossos da face e ao aumento da ressonância da voz, por exemplo.
No
entanto, os fósseis não permitem inferir que a nova espécie tenha sido capaz de
ouvir os sons de alta frequência, mesmo que os tenha produzido, pois o crânio
não preservou os ossos do ouvido que dariam à baleia a habilidade de localizar
presas a partir dos sons rebatidos por elas. Portanto, não está claro se o
animal, de fato, caçou usando a ecolocalização.
O
estudo da C. macei tem implicações sobre a compreensão da evolução das
baleias. Em artigo publicado no portal online da National
Geographic, o escritor de ciência Carl Zimmer ressalta um
possível paralelismo evolutivo:
“O ancestral de todas as baleias com dentes — vivas e extintas — já tinha desenvolvido uma forma rude de ecolocalização. Seus descendentes, então, ramificaram-se em novas linhagens. Em, no mínimo, duas dessas linhagens, as baleias com dentes desenvolveram músculos, ossos e diversos órgãos muito mais sofisticados, dando-lhes mais controle sobre os sinais que enviavam. Apesar de a Cotylocara ter desenvolvidos alguns traços que lhe eram bastante próprios, ela também desenvolveu alguns dos mesmos traços encontrados em baleias com dentes vivas, como os golfinhos.”
A evolução em paralelo, ou convergência evolutiva, é o fenômeno em que determinada característica surge em duas espécies de maneira independente, não sendo encontrada em um ancestral comum. Portanto, a análise dos ouvidos de outros cetáceos dentados primitivos poderá determinar se esta hipótese está correta, uma vez que, se os paleontólogos descobrirem sinais de que estes animais eram relativamente bem adaptados à audição dos sons de alta frequência, é bastante possível que a Cotylocara também tenha sido.
“O ancestral de todas as baleias com dentes — vivas e extintas — já tinha desenvolvido uma forma rude de ecolocalização. Seus descendentes, então, ramificaram-se em novas linhagens. Em, no mínimo, duas dessas linhagens, as baleias com dentes desenvolveram músculos, ossos e diversos órgãos muito mais sofisticados, dando-lhes mais controle sobre os sinais que enviavam. Apesar de a Cotylocara ter desenvolvidos alguns traços que lhe eram bastante próprios, ela também desenvolveu alguns dos mesmos traços encontrados em baleias com dentes vivas, como os golfinhos.”
A evolução em paralelo, ou convergência evolutiva, é o fenômeno em que determinada característica surge em duas espécies de maneira independente, não sendo encontrada em um ancestral comum. Portanto, a análise dos ouvidos de outros cetáceos dentados primitivos poderá determinar se esta hipótese está correta, uma vez que, se os paleontólogos descobrirem sinais de que estes animais eram relativamente bem adaptados à audição dos sons de alta frequência, é bastante possível que a Cotylocara também tenha sido.
Zimmer
conclui que a nova espécie responde a algumas questões sobre este campo de
estudos, além de nos dizer quais questões devemos nos fazer agora.
Fonte: http://www.techenet.com/2014/03/fossil-de-baleia-remete-as-origens-da-ecolocalizacao-marinha/
Postado por: Carolina Ohara
Postado por: Carolina Ohara
que topeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee,e coitadas
ResponderExcluir